Emílio levanta-se, trêmulo, os braços estendidos para frente, como tentasse alcançá-la. Ela o empurra na cama, dominando-o. Despe-se vagarosamente, quase como numa dança. Quase, claro. Sua sensualidade tem um estilo que lhe parece completamente novo, despido de qualquer clichê. Emílio rasga as próprias vestes, em um gesto quase animalesco, com o qual fere o peito com suas unhas. Ela lhe contém o ímpeto de proferir um urro, puxando-o para si e roubando-lhe um beijo ardente.
Ela avançou sobre o rapaz, como em um ataque felino, e assumiu o comando do fervente encontro de suas carnes, como fosse devorá-lo naquele mesmo instante.
Emílio sentia o imensurável prazer em todas as suas cores e sabores. O fervor febril de sua pele não chegava a sobrepujar o calor interno daquela mulher cheia de mistérios e encantos. Todas as coisas assumiam formas que lhe pareciam impossíveis, inclusive o casal, que se fundia em um só corpo.
Quando, em poucos instantes, as cobertas encharcadas de suor já pareciam entrar em ebulição, ambos já atingiam o ápice do prazer. Todos os músculos inumanamente retesados resistiram em relaxar, e a distensão de ambos os corpos lhes parecia fazer diluir nas águas de seus lençóis.
Ela, neste instante, escorreu sorrateiramente, como o faria uma densa sombra, deixando, apenas, no ar, o perfume de seu prazer e medo, e, na cama, seu amante, que não parava de chamar o seu nome...
Pablo de Araújo Gomes
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Pablo de Araújo Gomes